quarta-feira, 10 de outubro de 2012





O PODER DO HOMEM


Por: Maria Vitoria Evangelista de Sousa



A Política Nacional de Atenção Integral a Saúde do Homem (PNAISH) foi criada a fim de desenvolver ações específicas para a população masculina na faixa etária de 20 a 59 anos. É uma política inovadora que requer ações também inovadoras principalmente a compreensão da realidade masculina nos seus contextos socioculturais e emocionais, com a perspectiva de reduzir os índices de morbimortalidade por causas preveníveis e evitáveis com aumento da expectativa de vida desta população. 

Até 2009, não existia uma política específica para a população masculina em Goiás. A partir da construção da Política Nacional voltada à Saúde Integral do Homem e do reconhecimento das especificidades demográficas, epidemiológicas e culturais desta população, inicia-se um processo de construção de uma Política Estadual de Atenção Integral a Saúde no Homem (PEAISH) no Estado de Goiás.
O foco desta política é a mudança de paradigma, saindo do restrito campo de “adesão a programas assistenciais de saúde”, para uma perspectiva mais ampla que privilegie a população masculina de 20 a 59 anos com ações de saúde que lhes sejam específicas.

O Sistema de Saúde têm dado prioridade a programas de atenção à criança, ao adolescente e a mulheres, e mais recentemente a idosos considerando-os extratos frágeis da sociedade. Observa-se que o referido modelo básico de atenção aos quatro grupos populacionais não é suficiente para tornar o país saudável. Os homens na faixa etária de 20-59 anos representam 27% da população.
A cada três mortes de pessoas adultas, duas são de homens. E em média a população masculina vive sete anos menos do que as mulheres. São dados de expressividade. E um fator significativo que ocasiona elevado número de internações quanto de mortalidade são as causas externas, relacionadas a violência por arma de fogo e arma branca, força física; acidentes de trânsito e transporte; homicídios.
E mais, os homens também são mais acometidos das doenças do aparelho circulatório que têm como fatores de risco: o aumento da ingesta de sal, obesidade, uso abusivo de álcool, sedentarismo, tabagismo, fatores genéticos.
Dentre os tipos de câncer, o de pulmão é o que mais mata homens e esta neoplasia está relacionada a vários fatores dentre eles temos: genéticos, poluição do ar , tabagismo ativo e passivo etc.
Precisamos mobilizar a população masculina, pois historicamente o homem não têm o hábito de cuidar da própria saúde. E a prevenção é o primeiro passo. Cabe também aos profissionais de saúde, especialmente, os que trabalham na assistência primária, alertar sobre os riscos e consequências na demora em procurar os serviços de saúde. 

Sabemos que os homens até chegam ao Serviço de Saúde, porém não são tidos como integrantes do serviço de prevenção da sua saúde. Temos de avançar, pois ainda são muitas as barreiras institucionais existentes como a inadequação de horários, dificuldade de acesso e acolhimento, inadequação de espaço físico e capacitação dos profissionais para atentarem para um novo olhar para a população masculina.
Como maior desafio tem-se a mudança de paradigma, tanto para promover melhoras na qualidade, quanto para aumentar a expectativa de vida. Aqui, nos esbarramos em questões como a resistência em buscar ajuda que no universo masculino significa: ser frágil, ser vulnerável.
Um resumo para esta situação?! O homem dificilmente lança mão do valioso poder da prevenção, aumentando com isso a morbidade e mortalidade masculina. Queremos vida. Vida com qualidade, semeada em ações específicas às quais visualizem o homem como um ser biopsicossocial e não um ser sexualmente funcional e reprodutor.




Maria Vitoria Evangelista de Sousa
É psicóloga e subcoordenadora da área Técnica da Saúde do Homem da SES

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O que melhor se pode fazer para melhorar a saúde dos homens?